
“Se não acrescenta valor é desperdício” Henry Ford
Este é um principio da filosofia Lean, que cada vez mais tem de nortear as empresas na procura de uma melhoria constante.
Vivemos uma época “estranha”, de uma malvada pandemia, mas com fé muita força e disciplina vamos conseguir passar. As vacinas já aí estão, à sua frente está agora um militar que com a disciplina, característica dos mesmos, vai conseguir levar o barco a bom porto. Vamos com certeza ter regras de modo a evitar “o desperdício”, vamos ter alguém com o espirito de missão, liderança, altruísmo, de não pretender protagonismo, antítese de tudo o que a “classe” politiqueira incompetente e sem quaisquer princípios tem demonstrado.
Sou filho de um militar, oficial de cavalaria, lembro-me de ver o meu Pai de farda de gala por uma única ocasião, quando da visita a Portugal de um Chefe de Estado, e em que me recordo de o ver com a dita farda e condecorações pois foi o oficial designado a comandar as credencias a cavalo pelas ruas de Lisboa. De resto sempre o vi com a farda de trabalho de bota alta e bivaque, igual a todas as pessoas por si lideradas. Quando se lidera não se precisa de anunciar, de dizer quem é, é-se porque os outros o consideram e respeitam. Margaret Thacher dizia que quando se tem de dizer quem se é, deixa-se de o ser.
Porquê este reparo. Porque se existiu já mensagem que este Senhor Vice Almirante, responsável pelas vacinas, passou foi o de se apresentar com a farda de trabalho igual a toda a sua equipa, comunicou já que, “estamos aqui juntos para o que der e vier”. Fico bansado quando existem pessoas que deveriam ter o mínimo de sentido de comunicação, já que de resto os lugares que “ocupam” não o fazem por competência e credibilidade, não percebem e não seguem estes exemplos e continuam a andar “encabrestados” politicamente.
Se não bastassem já as minhas raízes militares, estou cada vez mais defensor de que deveria existir uma “recruta” militar, de 6 meses obrigatória, por várias e inúmeras razões; pela disciplina, pelo respeito, pela humildade, pelo altruísmo, pela partilha, pela honra da palavra dada, pelo assunção de culpas e de saber pedir desculpa, por deixar de falar em eu, por trabalhar em equipa, para que se pensarem em seguir a carreira politica poderem falar já com algum conhecimento de causa, de trabalhar e se esforçar em projectos comuns, para poderem discordar e saberem defender a sua discórdia, para que não se tornem um “desperdício”.
Em projectos online, como me encontro, dado que os presenciais tem de aguardar mais uns tempos, é fundamental que as pessoas se capacitem de que a vida não pára, e quando esta pandemia passar olhamos para trás e pensamos “como foi possível? Mas passou…”
Sim porque somos um País com 878 anos de uma fantástica história, que já passámos por diversas fases, mas a vida é para ser entendida pela nossa história e vivida para a frente, sem se renunciar ao seu passado. Não nos podemos cingir ao “desperdício” de uns recentes anos.
Pandemia ou não é fundamental que para alem da nossa mente, também o nosso corpo físico, se encontre na mínima forma, pelo que as caminhadas são uma rotina diária, numa cidade linda e confinada, como é a minha cidade de Santarém. Aqui estão as nossas raízes familiares desde 1841, interrompidas durante alguns anos por afazeres profissionais, mas regressado à nossa terra em 2007.
Esta semana com a minha Mulher, resolvemos fazer a nossa caminhada pela escola prática de cavalaria (desde 1890 em Santarém), local onde brincava em pequeno e que bem conhecia. Agora local de tribunais, umas instalações fantásticas (são as que aparecem nas televisões, porque deveriam, e fica aqui deixada essa sugestão que mostrem o restante da escola prática).
Passando pelos sítios ia dizendo aqui era isto, aqui era aquilo, aqui morava este, ali era,…..tudo no chão, tudo abandonado, paredes, telhados tudo no chão, picadeiro, boxes, campo de obstáculos, tudo abandonado, hectares e hectares de mato do tamanho de uma casa, as vedações podres, tudo isto no centro da cidade. O que era um exemplo está um “desperdício”.
A Camara de Santarém é no mesmo largo em que se situa a “porta de armas”, ali bem perto.
Desde que a tropa daqui saiu em 2006, o abandono é criminoso, é um autêntico “desperdício”. Um facto é indesmentível, a culpa é do Estado gordo, se é autarquia, se é ministério disto ou daquilo, é uma vergonha, não comecem a mandar culpas de uns para os outros, o que se passa é que se existissem responsáveis, que os tem de haver, isso não se passaria. Se existe ali um fogo em que começam a arder todos aqueles telhados, com o matagal que ali se encontra, é mais um passa culpa entre a turma “big brother is watching you” parafraseando Geroge Orwell. Para quem não conheça, estamos a falar de uns bons hectares no centro de Santarém, que fazem paredes meias com o Convento de São Francisco, monumento classificado de 1242.
Porque é que não se centralizam todos os serviços estatais e autárquicos da cidade nestas instalações. Existem umas dezenas de prédios, andares, quintas, quintinhas, com os mais diversos serviços que ficariam ali concentrados traduzindo isso numa economia de escala em todos os sentidos. Vendem-se as instalações a fechar realizam dinheiro, amortizam divida autárquica (52 milhões de euros da autarquia de Santarém segundo dados pordata de 2018), que é divida de estado.
É uma questão de mudança de mentalidades e atitudes, para não se continuar no “desperdício”.
A liderança, a partilha e os exemplos que a tropa nos traz são a antitese das gestões partidárias incompetentes e sem vergonha. Peço desculpa não tenho nada contra as pessoas em si, mas sim contra o sistema em que as pessoas, por conta dos partidos, governam as suas vidas qual “big bbrother is watching you”. “Desperdício” puro.
Numa conversa recente com um Senhor desta cidade, que é com certeza das pessoas que mais prestigia o nome de Santarém, que aqui nasceu e vive, meu primo Pedro Canavarro, nos dizia sentados a uma camilha em minha casa, com um copo de vinho e muita conversa “a primeira vez que me falaram das obras de requalificação do campo Infante da Camara (antigo campo da feira onde se situa a praça de toiros), foi em 1977”. Ainda hoje tudo continua exatamente na mesma. Se isto se passasse numa empresa privada qual era a que aguentava? Que “desperdício”.
No ano de 2014, fui consultor de uma empresa multinacional de investimentos humanos, que pretendia abrir um centro de escritórios. Devido à nossa extraordinária situação estratégica com uma rede viária e ferroviária fantásticas, perto dos grandes centros urbanos, sou mandatado, para uma aproximação à Camara de Santarém, com o objectivo de saber quais as condições e o que é que a região tinha para oferecer. Agendo uma reunião com alguém responsável da camara para esse fim. Estamos no verão em pleno mês de Agosto, reunião agendada para as 15h do dia x. Nunca chego atrasado a nada, pelo que 10 minutos antes me apresento na camara, para ser recebido pelo vereador. 15h, 15.15h, aparece a solicita Senhora secretária: “o Senhor Vereador está atrasado, pede que espere” (um vereador porque tem muito que fazer precisa de uma Senhora secretária…). 15.35h aparece o referido vereador, vinha a comer um gelado, casaco aos ombros, “então diga lá,….” Explico o que se trata, da empresa em causa, do que poderia ser importante para a cidade, etc, etc,.. Resposta “façam uma proposta”. Olhei, olhei, voltei a olhar,… levantei-me, boa tarde. Que “desperdício”. A empresa abriu o referido centro, que emprega hoje cerca de 260 pessoas em Badajoz. Porquê Badajoz, porque foram agressivos comercialmente, não largaram a empresa, viram no que lhes podiam ser uteis, foram a Lisboa ter reuniões, foram proactivos, não estão acomodados.
Reparem que estamos a falar de uma camara de Santarém que emprega cerca de 900 pessoas (quantas empresas em Portugal empregam 900 pessoas??), fora as empresas “fantasmas”, que tem o passivo já mencionado. “Desperdício atrás de desperdício”.
Entendam que as empresas são pessoas, que as autarquias são empresas que tem de ser autosuficientes económicamente, que não podem acumular divida atrás do “desperdício”. Ponham as pessoas a “vender” a cidade, o País, só com um tecido empresarial forte e com captação de investidores, nos vamos conseguir levantar.
Ponham a casa em ordem, tenham as pessoas capazes e não seguidores partidários, que nada acrescentam e tem custos brutais. Sejam profissionais. Não criem mais “desperdício”. As autarquias servem de trampolins para as pessoas se governarem. Emagreçam o estado.
Isto leva-me a pensar em três factos:
– A divida publica no ano de 2000, era de 54,2% do PIB, hoje é de cerca de 135% do PIB
– O Estado com os seus cerca de 670.000 empregados (12,8% da população activa), representa uma despesa de cerca de 42% do PIB
– Os nossos filhos vão estar mais de 20 anos a descontar para pagar divida.
Isto sim é um crime.
“A sabedoria da vida consiste em eliminar o que não é essencial” Lin Yutang