
Comecei a jogar Rugby em 1975, sempre no Belenenses (Belém), levado por amigos que ainda hoje o são, atitude que passei já às minhas duas gerações, tal como se passa nas “empresas familiares” que jogam e “bebem” este fantástico desporto.
Por circunstâncias várias não tenho acompanhado o rugby do Belém nestes últimos anos como desejaria, mas com um melhor planeamento consegui este ano vibrar e acompanhar a parte final do Campeonato e Taça de Portugal seniores, que o Belém ganhou, conseguindo o pleno.
O rugby ao contrário de muitos outros desportos chamados “populares”, é uma escola de atitudes e virtudes, que podem e devem passar para a vida empresarial, pelo querer, planeamento, esforço, empenho, educação e dedicação. É um desporto em que todas as pessoas podem participar umas dentro de campo outras fora do mesmo, mas em que todos são parte integrante das equipas.
Nas finais disputadas, em ambiente de festa por equipas adversárias, estavam mães, pais, filhas, filhos, netas e netos.
Famílias inteiras, com todo o respeito e civilidade, antes, durante e após os jogos, em ambiente de festa que dentro de campo tem de ser duro (a vida é dura), mas leal.
No passado sábado estive com a minha Família a ver o jogo na bancada do lado do nosso adversário (nunca inimigo), e não foi por esse facto que não deixámos de festejar os pontos marcados pelo nosso Belém. Existe e pede-se incessantemente que nunca deixe de existir, uma educação e respeito que não se veem nos chamados desportos “populares”. Sempre fomos e somos exemplo.
Numa equipa de rugby, as pessoas estão por competência e esforço não por compadrio.
Na imprensa menções ao Rugby e aos seus resultados são praticamente inexistentes, sendo sim de interesse os casos das agressões em outros desportos, as ofensas e arrogância das pseudo “lideranças” e “pessoas importantes”, as viagens e aldrabices de políticos e gestores fugidos à justiça, os divórcios e as tendências sexuais que a ninguém interessam. O planeamento, esforço, luta, dedicação e glória de uma quantidade de pessoas que formam as equipas, isso não é relevante.
O próprio site da Federação Portuguesa de Rugby não refere, ao dia de hoje, nada ao pleno do Belém. Que lástima.
Pela oportunidade, partilho:
Como a cultura do rugby ajuda na empresa, no local de trabalho e contratação de pessoal
outubro 15, 2013 Soul RugbyHistoria do Rugby
Este artigo, que deve ser lido, explica como o diretor financeiro Christopher Liddell preparou uma oferta de ações de U$ 23 biliões em três continentes, 35 bancos avalistas e 90 audiências públicas para satisfazer o maior acionista da GM – o governo dos EUA.
Eu não estou surpreso. Liddell sempre jogou rugby ao longo de sua vida.
Liddell deixou o cargo de diretor financeiro da Microsoft em janeiro de 2010 para recuperar a montadora de Detroit. Uma citação do artigo do WSJ apresenta a tese: “Uma das disciplinas que [Liddell] aprendeu como um jogador de rugby foi o nível de preparação que você precisa para realizar algo grande”, explica James Lee, vice-presidente do JP Morgan Chase & Co.
Vindo da Nova Zelândia, Liddell é formado em engenharia pela Universidade de Auckland e mestre em filosofia por Oxford. Liddell também completou o Ironman e pratica yoga.
Em nossa experiência, alavancando pequenas e médias empresas, os presidentes e os recrutadores de RH estão dando mais ênfase na experiência comprovada e de caráter duradouro, quando na contratação de talentos – alem de diplomas e currículos sozinhos. A cultura da força de trabalho de hoje necessita de pessoal em todos os níveis empreendedor e encarar o futuro com menos ansiedade e mais apuro. A cultura atlética e o caráter do rugby oferecem uma visão fascinante para se pensar.
CARTILHA RÁPIDA DO RUGBY:
Adaptado do futebol na Inglaterra em 1823, a popularidade do desporto e benefícios como treinamento-gladiador espalhou-se rapidamente pelas colônias militares e diplomáticas e escolas privadas de elite. Rugby não começa a ganhar massa crítica na América até a década de 1970 “. Hoje, a maioria das cidades e universidades dos EUA possuem equipes de rugby.
Quase com o mesmo desenho do campo de futebol, o rugby é uma batalha incessante pela posse de uma bola sempre viva, que nunca pode ser passada ou derrubada para frente. A única maneira de avançar com a bola de rugby é correr ou chutar para frente e passar lateralmente. Uma vez derrubado no chão, o jogador deve soltar a bola para que os outros que estão de pé possam jogar. A bola marca uma linha móvel de impedimento paralela a cada linha de meta, o que ajuda a governar o jogo para os jogadores e espectadores.
Como Lance Armstrong, Sully Sullenberger, Annika Sörenstam e Nelson Mandela, o rugby está se tornando uma marca de resistência, coragem sob pressão, dedicação – e perdão a animosidades.Veja como a cultura do rugby ajuda nas empresas, locais de trabalho e contratação de pessoal:
O rugby é diversificado: O desporto internacional pode ser jogado por homens e mulheres de todas as idades, origens e raças – especialmente com equipes dos melhores cursos de MBA, Direito e escola militar. Ao contrário da crença popular, há uma posição para cada estilo de corpo em uma equipe de rugby. Semelhante à maneira como as culturas corporativas devem diversificar-se globalmente, o rugby traz ex-patriotas e os nativos em conjunto para quebrar barreiras no local de trabalho e falar uma nova linguagem atlética.
O rugby é extremamente desafiador: Nos macro e micro ambientes de trabalho de hoje, incapacidade e indecisão podem causar perdas financeiras de milhões em poucos minutos. Além da força física e resistência obviamente necessárias, a intensidade mental treina os jogadores de rugby para destemidamente focarem-se sob extrema pressão e bons desafios.
O rugby exige auto-controle: As regras do rugby são um tanto complexas de se assimilar. A falta de compostura e disciplina nos campos pode resultar em penalidades ou pontos atribuídos ao adversário. O controle mental e físico necessário é considerável. No trabalho, a fadiga no final do jogo pode custar caro.
O rugby exige o uso de muitos chapéus: Rugby não tem pedidos de tempo, treinadores cantando as jogadas ou equipes descansadas entrando e saindo a toda hora. Ataque, defesa e tudo o mais são 100% executadas pela mesma equipe. Os quinze jogadores (mais 8 reservas) que entram em campo devem executar, comunicar-se e pensar por si mesmos como uma unidade pelos 80 minutos de jogo.
Jogadores de rugby não têm medo de agarrar qualquer oportunidade: Quando Chris Liddell pensou em deixar a Microsoft para assumir a posição na GM, para 50% das pessoas que ele consultou o primeiro pensamento era que ele estava louco. Liddell afirma: “Obviamente, um passo arriscado na carreira, levando a montadora em dificuldades, quase indo à falência, para uma das retomadas mais interessantes de todos os tempos? Você não pode pedir uma oportunidade melhor do que essa “(WSJ).
Jogadores de rugby não podem depender de bloqueadores: Diferentemente do futebol americano, o bloqueio é ilegal no rugby. Não há jogadores à sua frente para tirar os adversários do caminho. Jogadores de Rugby devem ir mano a mano contra qualquer adversário, olhando e ouvindo colegas de equipe que estarão atrás deles. É trabalho de todo jogador de rugby levar sua equipe a conquistar terreno, passar a bola de forma eficaz sob fogo cruzado, e em seguida, retornar à posição após ser derrubado – uma vez após a outra.
Jogadores de rugby devem conquistar sua posição em campo a cada semana: A incerteza é tanto desconfortável quanto motivador. Jogadores de Rugby sabem se foram escalados entre os quinze titulares a cada semana dependendo das avaliações do capitão e de seu desempenho técnico anterior. Os vendedores e donos de negócios entendem isso muito bem. Eles acordam todos os dias desempregados até estarem face a face com os clientes.
Jogadores de rugby sabem que sua posição pode mudar a qualquer momento: jogadores de Rugby podem ser alocados em diferentes posições no momento da escalação, especialmente se um colega estiver lesionado. Como deve ser dentro de qualquer empresa, treinamento cruzado é obrigatório no rugby – e estrelas são cortadas do elenco. Empresas inovadoras, que precisem de uma reviravolta e gestores que buscam desenvolver uma equipe talentosa devem sair à procura de currículos que incluem experiência de rugby.
Jogadores de rugby não guardam rancor: Cada local de trabalho, campanha política e diretoria têm provações, tribulações e tensões. A cultura do rugby oferece uma solução perspicaz para isso: depois de cada partida de rugby, as equipes opostas (muitas vezes vestidas de gravata e blazer) se reúnem para jantar e tomar algumas cervejas juntos. Por quê? Toda parte ruim do jogo é deixada no campo. Na verdade, os jogadores adversários, muitas vezes se tornam grandes amigos e colegas de carreira. Algo que não ocorre nas culturas do futebol americano e do futebol, esse ritual desportivo é um dos principais motivos da cultura e do caráter do rugby estar emergindo entre a população.
Jogadores de rugby são humildes e patrióticos: Christopher Liddell provavelmente se arrepiou com o título se referir a ele como uma estrela do rugby. ”Não é para a glória, nem para riquezas, mas pela honra somente” é uma bandeira popularmente balançada em jogos de rugby, porque a cultura e o caráter de rugby se assemelham ao espírito do desporto amador.
Ser selecionado para jogar rugby pelo seu país é a realização final. Não é de admirar, então, por todos esses motivos acima, que quando equipes internacionais de rugby se alinham ombro a ombro para ouvir seus hinos nacionais juntos, o olhar em seus olhos (e as lágrimas pelo rosto) são um indicativo do desenvolvimento físico e preparação mental que engrandece.
Pela similaridade com o actual e futuro estado das empresas, sublinhei algumas passagens deste texto.
Viva o espirito do Rugby como escola de virtudes e actos, que devem imperar nas empresas. Para as lideranças inspiradoras e motivadoras tem de existir actos, sendo que um lider está em constante formação, e para tal necessita de uma grande humildade. Esse é o espirito do rugby.
No rugby como nas empresas vivem-se tempos magníficos, que são ao mesmo tempo, tempos terríveis.