
Na vida e porque todos somos vendedores, o que vendemos é credibilidade e história, porque acredito, que em todas as pessoas (empresas são pessoas, Estado são pessoas) existe um mínimo de credibilidade e história.
Mesmo as startups, hoje tão em voga, tem a sua história que é a história das pessoas que a constituem.
Na generalidade o tecido empresarial português não tem medo de se rodear de pessoas que lhes tragam mais valias, inovadoras atitudes que desenvolvam novas acções, pessoas novas e menos novas que se deixem desacomodar mas com uma vontade insaciável de aprender.
Um fraco (Lider), mais Chefe, rodeia-se de pessoas NIM (nem sim, nem não), de personalidade cambaleante com forte tendência à acomodação, que se esquecem que na delegação de tarefas, a responsabilidade maior continua a ser das lideranças. Infelizmente os exemplos deste tipo de pretensos (Lider), são usuais e frequentes.
Por sua vez um Lider tenta sempre rodear-se de pessoas não acomodadas, ávidas de novos projectos e desafios, que se mantenham em constante formação, que façam parte da atitude de mudança e da inovação, que trabalhem em equipa, que não tenham receio de delegar, que assumam os erros.
Isto vem a propósito de uma recente conversa numa grande empresa, em fase de recrutamento de pessoas para coordenação de equipas, e em que me questionaram perante o perfil de alguns candidatos.
Foram definidas as linhas mínimas de exigência das pessoas a recrutar. A primeira conversa decorreu de modo digital sendo que a conversa derradeira foi de modo presencial.
Falei com alguns dos candidatas/os, presencial, pessoas com capacidades académicas de acordo com o solicitado.
Conversas de 20 minutos sentados frente a frente. As pessoas não estão treinadas para enfrentar desafios, ao fim dos primeiros minutos já se contorcem nos seus assentos, os olhos perdem o foco, as mãos não param de se entrelaçarem a voz treme, a insegurança e falta de preparação é notória.
Estamos a falar de pessoas que vão coordenar equipas de trabalho com o objectivo definido com uma variável assinalável de mérito pelo resultado da equipa.
Fiquei triste por ver pessoas sem “chama”, sem garra. Mais uma vez testemunho que as competências académicas são uma mais valia, no entanto, a atitude das pessoas essa á decisiva.
E penso que a questão está no sistema de ensino que cultivamos em que ambicionamos criar e formar “Einsteins”, quando os clientes são os normais comuns.
Na minha opinião, os MBA da vida deveriam ser após uma experiência pelo mercado de trabalho a “assentar pedra”, saber o que a vida custa e as voltas que se tem de dar para fazer face à mesma. (Não falo nos MBP Master Business Partidários,……).
Uma sugestão seria por exemplo que todas as pessoas deveriam fazer a recruta da tropa obrigatória. Porquê? Pela disciplina, pelo espirito de equipa, pelo altruísmo, pelo bem comum.
Após este passo, podem ter a certeza de que as pessoas chegariam ao mercado de trabalho com outra “garra”.
Factos:
Na sua generalidade, e principalmente pessoas com cargos públicos não estão preparadas e formadas para as funções que exercem. É pena mas é verdade.
Ainda ontem testemunhei o mesmo numa cerimónia de âmbito social de doação entre duas associações.
Estão no palanque 4 cadeiras para os palestrantes, sendo uma delas destinada ao Vereador da Câmara com o pelouro.
A sessão teve inicio às 09.00h, com as habituais boas vindas e começou a desenrolar-se com os palestrantes presentes. Ocorre que a cadeira da Vereação continuava vazia. A pessoa em causa chegou às 09.30h logo afirmando de modo irónico: “mas ainda cheguei à minha hora de falar, é que fui informado pela minha secretária particular,….que o inicio era as 9.30…”. Depois quando se instalou, e enquanto outras pessoas falavam, esteve sempre com o telemóvel ligado sem qualquer respeito pelas pessoas que participavam no evento.
São pessoas que vivem com a “psiquose” de serem muito importantes e ainda não chegaram mas já estão de saída, que se refugiam nos telemóveis como pseudo prova da sua importância e da sua atarefada agenda em que tudo é urgente, que se julgam indispensáveis.
Bertrand Russel famoso matemático e filósofo diz: “os idiotas estão cheios de certezas enquanto os inteligentes cheios de dúvidas”. Em que grau se julgam estas pessoas?
A questão é de que o “sistema” cria estas personagens arrogantes sem lhes dar qualquer formação e sem as mesmas terem o mínimo de humildade de dizer que “não sei, ajudem-me”. Esta é uma questão transversal, nas autarquias, local por onde começam os problemas.
Tudo é uma questão de humildade, atitude que se torna educacional.
Neste exemplo em que se trata de um evento sobre uma causa social que nos pode tocar a todos, bem como nos mais diversos eventos e actos, as atitudes correctas a disciplina e a educação são a excepção, e isto é uma questão que pode voltar problema sendo a base de todos os outros.
Realmente vivemos num Estado que necessita urgentemente de ser reeducado nas suas atitudes de modo que volte a ser “o apoio do motor da educação e da economia”.
Para que isso aconteça é imperativo cortar nos custos das autarquias e empresas satélites, é preciso ter “vontade e firmeza”, como primeiro passo para “emagrecer” o Estado, porque é aí que reside o problema que se arrasta, e que já vamos deixar a factura para os nossos netos pagar.
Leonardo Da Vinci num dos seus múltiplos pensamentos, dizia: “a paciência serve contra os insultos como as roupas contra o frio; pois se multiplicares as roupas à medida que o frio aumenta, o frio é incapaz de ferir. Assim, deixa a paciência aumentar sob grandes ofensas, e não serão capazes de magoar os teus sentimentos”. Só que já não existe nem paciência nem frio.
Se estiver equivocado, desculpem e ajudem-me a mudar de opinião.
6 Comments
Como sempre…”na Mouche”.
É a Educação? Estúpido. É a Educação!
E sim caro António, é fundamental passar os Valores humanos e Sociais.
Obrigado João
Abraço