
Em 20/08/2020 escrevi neste mesmo site um artigo sobre a nobreza da desculpa, essa atitude e palavra que muda o sentido de todo um “sistema”. Regresso a este tema pelos factos que a seguir partilho.
Acabou um ano horrível. Vem aí um 2021 que em termos de saúde vai com certeza ser bastante melhor, mas por muito que nos custe o mesmo não vai acontecer, nem em termos sociais nem económicos.
Em termos de credibilidade pública temos um país onde tudo vale, para não se “cair”.
Eleições que não se ganharam, fogos com mortes, roubos de armas, complexos contra quem arrisca e pretende criar e distribuir riqueza, milhões de consultas adiadas por incapacidade do sistema, app stayaway, pessoas que morrem nas fronteiras, o Novo Banco, a vergonha da TAP, (quantas empresas “agarrou” o Estado valorizou e vendeu?)vai ser o Montepio (Deus queira que me engane),….o que hoje é verdade amanhã é mentira com as mesmas pessoas, a falta de mérito de pessoas que começam nas juntas de freguesia e autarquias e chegam ao “poder” não por mérito, mas por ser deste ou daquele partido, é, é, é,….só faltava agora mentirem e aldrabarem num curriculum de uma pessoa que vai para um cargo de procurador de cerca de 500 milhões de europeus- O “Governo deu dados falsos sobre procurador europeu”. Desculpem isto não é grave, é gravíssimo. Estamos a aldrabar a quem nos dá a mão…
Em qualquer empresa credível uma atitude destas representa um processo disciplinar, com despedimento com justa causa, ou se porventura as pessoas, forem pessoas de bem, são as próprias que pedem para ser afastadas dada a gravidade da situação.
Qual a postura de uma pessoa que se apresenta a um trabalho em que sabe que o seu curriculum foi aldrabado, qual a cara com que se apresenta à sua equipa de trabalho, qual a moral desta pessoa para expor as suas ideias. Desculpem, não repararam que “queimaram” essa mesma pessoa?
Não conheço a referida pessoa, nem sei de que pessoa se trata, sei sim que foi uma pessoa que concorreu ou que foi proposta pelo Estado para um cargo europeu, e cujo curriculum foi “aldrabado”, pelo próprio Estado proponente. Desculpem esta atitude é…….repugnante.
As pessoas que estão à frente de uma empresa devem ter no mínimo um sentido de liderança pelo exemplo, sendo o Estado uma grande empresa, onde existe essa liderança?
Desculpem, mas não ficava bem com a minha própria consciência se não partilhasse estes factos.
Não quero começar o ano sendo derrotista, bem pelo contrário, sou um optimista convicto que em todos os desaires vejo sempre algo de positivo, a que nos temos de agarrar, para a partir desse facto se subir com humildade e sentido de progressão.
Os hábitos das pessoas alteraram-se em certa medida, existem rotinas que tínhamos e que mudaram totalmente, como por exemplo as deslocações aos serviços públicos, bancos, companhia de seguros, etc, etc, etc.
Estes mercados vão ter de dispensar pessoas, por muito que custe a quem tem essa tarefa de o fazer, a quem recebe essa noticia. São situações de uma enorme violência humana, mas que são irreversíveis. Quantas e quantas empresas andam a tentar tudo por tudo para que tal não aconteça mas em vão. É durissimo, só não sabe o que isso custa quem nunca arriscou, quem nunca dormiu com a preocupação de pagar ordenados, ou então quando se é empregado do “sistema” Estado.
As empresas credíveis tem de ser francas e transparentes, porque isso envolve mais as pessoas na conversa, é uma maior riqueza de ideias, mais e melhores pontos de vista, gera rapidez, reduz custos.
As empresas que dispensam trabalhadores perdem, alem da sabedoria humana de cada elemento, o tempo investido na formação, bem como as redes de relações e conhecimentos sobre como fazer o trabalho. Mas se o dinheiro não entra, se o mercado se modificou, se a sua capacidade de reinvenção não tem suporte de crescimento, se já esgotaram todas as fontes, às quais poderiam recorrer, se, se, se…..o martirio agudiza-se, os custos são insuportáveis, o tempo passa e as questões aumentam.
E nesta altura entra a capacidade de resiliência das pessoas, que por si se tem de reinventar, tem de variar drasticamente os seus desafios, tem de ter a cabeça fria para pensar em novas oportunidades, tem de “ter um pé fora do mundo” para escutar e procurar conselhos de novas “vidas”. Não podemos pedir a uma pessoa que mude de personalidade, mas podemos pedir que mude de comportamento.
A vitimização não serve para nada, deita fora o nosso futuro. A resiliência psicológica é a capacidade de responder de forma rápida e construtiva às crises, pode ser difícil de preservar quando se fica agarrado pelo medo, raiva, confusão ou tendência a atribuir culpas.
A derrota temporária não é um fracasso definitivo. Nunca estará derrotado, até desistir, na sua mente. Criem novos objectivos, libertem-se do passado que deixou de ser produtivo, tenham coragem sejam firmes e determinados, tornando-se mais flexíveis e adaptáveis nas mais diversas situações. Tenham sempre bem presente de que quando a determinação é forte as dificuldades são menores.
Nunca é tarde para recomeçar, para refazer as suas vidas, para investir no futuro. São vários os casos que tenho acompanhado que após um curto período de “luto”, se desacomodaram, se lançaram para novos projectos, dos quais estavam a léguas de se imaginar nos mesmos. As pessoas passam a ter outro modo de ver e olhar para as coisas, passam a ter um sentido critico construtivo, passam a ter na sua mente, um pensamento do Papa Francisco “escada que sobe é a mesma que desce, as pessoas que encontramos na subida, são as mesmas que encontramos na descida”.
O “canudo” e a idade ditam o futuro; já não.
Para não se tornar obsoleto no mercado de trabalho actual tem de se ser um eterno aprendiz. O valor que retira daquilo que aprende diariamente, no trabalho, num curso, numa formação, deve ser superior à compensação financeira. Nos dias de hoje deixou-se de contratar as pessoas só pelas suas competências, mas sim muito pela atitude, porque as competências podem ser ensinadas. O empenho, a garra, humildade e determinação com que enfrenta novos desafios, isso sim dita o seu futuro.
A vida é feita de desafios, e um desafio só pode ser vencido se for enfrentado. Se abandonar os seus objetivos antes de os alcançar, é um desistente, quem desiste nunca ganha – e um vencedor nunca desiste. As pessoas tem de ter uma atitude mental progressiva.
A maior parte dos Lideres do sec. XXI terão, ao longo de uma carreira de 40 anos de reposicionar os seus negócios quatro ou mais vezes. O mesmo vai acontecer com o comum dos mortais.
“A ultima das liberdades humanas é a capacidade de escolher a própria atitude em qualquer circunstância” Vicktor Frankl psicólogo e sobrevivente do holocausto.
Desculpem.
Bom ano de 2021, vamos ter esperança na esperança.