
Em tempo de férias é bom desobstruir a cabeça com leituras diferentes, com novas ideias, com histórias e factos, que nos façam pensar e repensar.
Foi isso que me aconteceu com a leitura de dois fantásticos livros: O traidor vermelho de Owen Matthews, e Paciência com Deus de Tomás Halik. São leituras que nos fazem parar.
No meio das mesmas fui lendo a imprensa, para acompanhar “a vida”.
Numa dessas leituras fico perplexo, com uma entrevista no Jornal SOL de 06/08/2022.
António Fonseca, presidente do mais sindicato, sindicato bancário filiado na UGT: “Quando entrei para a banca, uma das coisas que me fez continuar era saber que tinha emprego para a vida. Hoje em dia já não tenho a certeza se o vou ter, e possivelmente sou um protegido porque como estou no sindicato, no imediato não me podem despedir”; “sou funcionário da caixa e o banco tinha obrigatoriedade de ter, pelo menos, um balcão por cada capital de distrito. Hoje parece que vivemos num mundo em que se o balcão não dá lucro então vamos fechar”. Li, voltei a ler e reler.
Devemos escutar e aprender. Penso tratar-se de palavreado vazio ou uma produção irreflectida de frases feitas, que não pode levar a qualquer lado. Há certas verdades que se forem ditas no momento errado, não só se transformam em frases feitas, embaraçosamente vazias, como podem até ofender e ferir os outros.
“A maioria das organizações doentes desenvolveu uma cegueira funcional aos próprios defeitos. Não sofrem por não poder resolver os seus problemas, mas porque não conseguem ver os seus problemas” John Gardner
No acompanhamento e treino que faço com executivos, ou na filosofia de melhoria contínua que temos implementado, é de muito difícil compreensão este tipo de atitudes, numa pessoa que deveria ser exemplo, e que não resiste ao “pretenso” engano de triunfalismo altaneiro.
A vida é, e ainda bem, uma escada que temos de subir dia a dia, com esforço e mérito. A vida empresarial é um “upa upa” constante, em que a pior atitude é a de acomodação.
A importância da franqueza e energia positiva, a eficácia da diferenciação, a importância da voz e linguagem gestual, o poder da autenticidade e da meritocracia, a absoluta necessidade de mudança e a importância de nunca se fazer de vitima, são a antítese do exemplo mencionado.
As pessoas com potencial de liderança são unicamente motivados pelo desejo profundo de alcançarem objectivos, ajudar os outros a crescerem e serem bem sucedidos. A liderança não tem apenas a ver consigo, tem a ver com eles.
Os Lideres mais eficazes emanam energia, tem a capacidade de energizar os outros, executam as ideias em ações e têm o engenho necessário para tomar decisões, tudo isto num grande pacote de paixão.
Têm como uma das principais funções as avaliações de desempenho e a procura da verdade e do rigor escutar a opinião dos outros e não só o que se quer ouvir.
A atitude positiva ergue os membros da equipa, a negativa fará com que se vão abaixo. Se alguém continuar a ser negativo acerca da vossa iniciativa, de uma forma que esteja a puxar toda a equipa para baixo, terá de ir trabalhar para outro lado, seja de que instituição ou corporação for.
As pessoas que melhor lidam com o sucesso ou insucessos são aqueles que procuram as razões para a vitória ou derrota, e que partilham para aprender a crescer, nunca esperando de ser pago por aquilo que “sabe”, em vez de ser pago por aquilo que faz com aquilo que “sabe”.
Possivelmente a pessoa da referida entrevista não se tenha apercebido de que vivemos em ciclos em que todos os mercados mudam a velocidades estonteantes. Os últimos 25 anos centraram-se em quem é que conseguia produzir as coisas mais baratas, e os próximos 25 irão focar-se em quem conseguirá tornar as coisas mais inteligentes.
As reestruturações são inevitáveis para manter a competitividade global das empresas, que devem acontecer na altura em que a saúde da empresa permita a mobilização das pessoas, para atenuar as consequências sociais, e que será anunciada com clareza.
As pessoas perfeitas não são reais, e as pessoas reais não são perfeitas. Seja qual for a situação, o segredo é ser adaptável, ser flexível, ter autoconfiança para raciocinar depressa.
Os três princípios imperativos de qualquer empresa: pessoas – negócios – finanças, faz com que um executivo de topo passe a uma trionomia de conectar-pensar- liderar, para, alem da visão, propósito, determinação, ambição, sabedoria e inovação, tem de ter a confiança na comunicação, compaixão, estabilidade, esperança, honestidade, integridade e respeito.
Hubert Joly no seu livro O coração do negócio escreve :”As quatro questões fundamentais de uma empresa: são aquilo de que o mundo precisa (será que a ideia se encaixa no propósito da empresa?), são aquilo que nos entusiasma enquanto equipa (será que é benéfico para o consumidor?), são aquilo em que a empresa é boa (será que conseguimos concretizá-la?), são aquilo em que podemos ter algum rendimento (e será que conseguimos ganhar dinheiro com ela?)”. Concordo em absoluto.
As empresas costumavam durar, em média 40 anos, agora, o tempo de vida médio de uma empresa, é de 14 anos.
No caso concreto do exemplo mencionado muito do trabalho do sector público e sindical, é rotineiro e está a precisar de ser informatizado. Investigadores da Universidade de Oxford, sugerem que 47% dos empregos actuais serão substituídos por computadores antes do final das próximas duas décadas – 250 milhões só na próxima, afirma a Mckinsey Global Institute
Um estudo recente realizado em França, por entidade credenciada, mostra que 80% dos empregados não estão realmente empenhados no trabalho da organização “Só estão a pensar em voltar para casa”, e só lá estão por causa do ordenado. Um quarto desses 80% estão activamente desmotivados, e estariam dispostos a activar o seu poder negativo, para perturbar o trabalho, se provocados.
A vida, o trabalho, a sociedade podem prosperar sem algum crescimento económico?
Mao Tsé-tung tinha uma frase em que dizia que o peixe começa a apodrecer pela cabeça.
2 Comments
Parabéns pelo artigo!
Não entendo como ainda à afirmações como essa.
Temos de mudar a nossa mentalidade e desacomodar-mo-nos!
Todos ganharemos vitalidade e o país também!
Um grande
Ticha
Espero que esteja tudo bem consigo e Familia.
Peço desculpa, por só agora responder e agradecer, mas continuo um bocado “nabo” nas internets e só agora vi o seu comentário.
Bjs