
“Resposta ambígua que não corresponde nem a uma afirmação ou consentimento, nem a uma negação ou recusa” Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Jô Soares famoso comediante brasileiro em 1976, no programa Planeta dos Homens, usava uma expressão que muito se adequa ao Portugal de hoje passados 45 anos, “não me comprometa”.
As situações factuais em que esta expressão de NIM, ou “não me comprometa” são por demais evidentes e mesmo em sectores que não devem e não podem acontecer.
Em órgãos do Estado, empresas estatais e municipais, são por demais evidentes os telefonemas que não são devolvidos, os compromissos que não são respeitados, a falta de dar a cara, refugiando-se quando podem nos meios digitais, a facilidade com que dizem “pois ainda não está resolvido, sabe é o sistema,….temos de aguardar” ,”sim o chefe tem muito que fazer e ainda não me pode atender,…”, “não me comprometa, eu nego que lhe tenha dito o que disse”, “não me posso comprometer, se me vierem perguntar posso dar a minha opinião, mas comprometer-me, isso não.” As pessoas escondem-se para não assumir responsabilidades. NIM.
Gosto de casos concretos. Não sou politico, fujo dos “cadastrados” políticos, que o são por obediência, e não por valores humanos ou competências profissionais. Claro que, como em todas as profissões existem óptimas pessoas, só que são muito poucos os que podem e servem essa causa. São mais os NIM, do que aqueles que tem ideias e atitudes, em prol do bem comum.
Passando ao caso em concreto, nesta nobre e muito bonita cidade de Santarém, existe ainda um hábito de no fim do dia de trabalho algumas pessoas se reunirem para tomar um vinho, um refresco, um café, de picar alguma coisa que aconchegue o estômago, tendo como objectivo a partilha de acontecimentos e ideias, a convivência entre as pessoas.
Temos uma das catedrais mais bonitas do País no chamado largo do Seminário, onde existem 3 pequenas agradáveis esplanadas, em que ao fim da tarde só uma se encontra aberta. Aqui nos nossos vizinhos Espanhóis uma praça destas é um ponto de convergência social, profissional de negócio que traz vida às pessoas da cidade, abertas até à noite, veja-se o exemplo de Salamanca, Santiago de Compostela, Badajoz, Sevilha, Huelva, etc, etc,…
Acontece que ainda ontem nesta agradável esplanada, tal como sempre acontece quando o tempo o permite, não se consegue estar devido ao ensurdecedor barulho dos “skaters”, ruido esse que não deixa as pessoas falarem, que não deixa que ali se passeiem e brinquem crianças, pois são atropeladas, que não permite que no largo se passeie, se disfrute. É um perigo público.
Não tenho nada contra os “skaters”, bem pelo contrário sempre fui um desportista, que defendo e apoio qualquer um que seja, sempre com o principio de Herbert Spencer “a liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro”. É sempre preferível estar a fazer desporto, do que passarem o dia de volta do computador ou dos meios digitais.
Numa das mesas da referida esplanada encontra-se uma das “entourages” politicas, que por aí andam em campanha autárquica, e esta com poder de decisão, que por sinal até tem a sua sede de campanha neste largo. Veem, ouvem pois não são “moucos”, e em vez de actuarem, pois é uma realidade á vista de todos, “fogem” positivamente para a sua sede. Quando se espera que as pessoas intervenham, o que as mesmas fazem é meterem a viola no saco, e ala que não me posso comprometer. NIM, NIM, NIM,……
Ao mesmo tempo, ali passa um policia, que por ser novo na cidade ou por desconhecimento, e perante o perigo eminente, faz que vai ao telefone, sem nada fazer. Vinha sózinho, reparem a desfaçatez!!!! NIM.
Não existe autoridade que decida que dê a cara. Se ali existir um acidente quem é o culpado? É o transeunte que ali está descansado em amena conversa? É a criança que corre enquanto os seus Pais, Avós bebem qualquer coisa? É a “entourage” politica que se esconde com medo de tomar uma decisão, e com medo de olhar as pessoas? É a Policia ou as Forças de Segurança que veem e nada fazem? Ou é o proprietário do espaço que tem a desfaçatez de ter o espaço aberto? NIM
A questão mais grave dos NIM, é que começam a poluir e minar o sector privado, as ipss, institutos de ensino, etc, etc.
Quantas e quantas chamadas não atendidas, não devolvidas, quantos mails sem resposta, quantas reuniões, cal, teams, desmarcadas em cima da hora, sem motivo aparente, e sem qualquer respeito pelos seus participantes, refugiando-se sempre nos meios digitais, para que não se dê a cara. NIM.
Os NIM., fazem parte das burocracias criadas por idiotas e geridas por génios, que buscam o poder pessoal. Desmantelar a mesma significa desmontar as estruturas de poder tradicionais.
Os NIM são avessos à ideia de meritocracia, não no sentido autocrata na qual eu lidero e os outros seguem, e não no sentido democrata na qual o voto de todos é igual, mas uma meritocracia que incentive discordâncias ponderadas e que explore e pese as opiniões das pessoas em proporção aos seus méritos.
Os NIM hoje pensam uma coisa, amanhã outra, tem dificuldade em defender o sua opinião, pensam e agem com a mentalidade “não me comprometa”.
Por favor o que é sim é sim, o que é não é não, NIM não existe.