
Existem os chamados traumas de infância, que com o passar dos anos se vão esbatendo, e que muitas vezes nos voltamos a recordar para o bem e para o mal.
Existem os traumas de que nos vamos lembrando durante a vida, que recordamos umas vezes a rir outras nem tanto, mas com que aprendemos, no sentido de olharmos para trás e aprendermos para a frente.
Existem os traumas, pelos quais não esperávamos já existirem, e que não nos largam, para os quais só a atitude de “HUMILDADE”, “RESPEITO”, “CREDIBILIDADE” e “DESAPEGO” pelo poder são a solução.
Digo isto, porque nos últimos tempos, alguns, nomeadamente o “motor da economia”, sofre com toda esta pandemia, em contraponto se encontram cerca de 12% da população activa, a não partilhar a mesma dor. E digo isto, não porque nesta franja da população não existam pessoas capazes, bem pelo contrário existem muitas pessoas extraordinárias, só que são “engolidas” pela máquina, sistema o que lhe quiserem chamar.
HUMILDADE, atitude fundamental a um líder de qualquer empresa, porque também aqui se erra, e só conseguimos transmitir confiança, quando assumimos o erro, quando somos a “cara” dos erros, quando pedimos desculpa. Existe muito a ideia préconcebida “de que as desculpas não se pedem, evitam-se”, pois estou em total desacordo, porque quem nunca errou levante a mão, o erro é o principio do fazer melhor, agora tenham a humildade de se assumir. Só com humildade se cresce, e crescemos desde que nascemos até que morremos. Liderança é humildade.
RESPEITO, que respeito merecem as pessoas quando não se dão ao mesmo, que respeito merecem quando as equipas que se formam, dizem hoje uma coisa e amanhã outra, quando as responsabilidades pelos êxitos são dos próprios mas os inêxitos aí já são de outras pessoas (“isso passou-se na minha equipa, mas eu não sou culpado, até nem estava lá”), que se preciso for até ”arrumam” as pessoas, que respeito merecem, quando ao invés do mundo empresarial em que as empresas tem de ser melhores sem se tornarem maiores, a referida máquina, sistema, se torna maior sem melhorar, bem pelo contrário se torna mais arrogante, autoritária e burocrata. A procura da verdade é a essência da liderança, mas há uma realidade que tem de enfrentar. Sem confiança nunca chegará à verdade. As pessoas podem nem sempre querer ouvir a verdade, mas tendem a confiar nas pessoas que a falam, que a exigem e que a revelam.
CREDIBILIDADE, como se consegue transmitir quando as equipas são extensas e sem qualidade, quando as pessoas que as constituem não o são pelas suas qualidades humanas e profissionais, quando se permite que as mesmas equipas sejam constituídas, não por pessoas que possam chamar a atenção para atitudes a melhorar, mas sim que digam aquilo que se quer ouvir, quando as equipas são constituídas por pessoas que não são nem mais inteligentes, nem que tenham mais conhecimento do que o líder, que tragam mais valor para a equipa de modo a poderem e deverem chamar a atenção do próprio. Quando as ditas 2ª linhas são tão ou mais arrogantes, do que os próprios, sendo que a cópia tem sempre defeito do pretenso original,…
DESAPEGO, não existe pior do que quando as pessoas não sabem o seu tempo de sair, de se desapegarem dos seus “postos”. Quando se chega ao confrangedor estado, de se darem reprimendas públicas a membros da sua equipa, sem se assumirem culpas próprias, quando não se olha para trás no sentido de não se voltar aos mesmos erros, quando não se lidera pelo exemplo, é mesmo o fim de qualquer tipo de liderança.
As empresas que são pessoas, estão já a sofrer brutalidades, e continuamos a alimentar a máquina, sistema em que não se mexe.
Só que os mais “batidos” já viveram estes cenários, e com os mesmos actores e algumas cópias.
O trabalho adaptativo é duro para todos. Para alguns lideres, é contraintuitivo. Em vez de se fornecerem soluções, é preciso colocar perguntas difíceis e alavancar a inteligência colectiva dos investimentos humanos. Em vez de se manterem normas, é preciso pôr em causa a forma como as coisas se fazem, e em vez de reprimirem os conflitos, é preciso suscitar questões e fazer as pessoas sentirem-se o cerne da realidade.
A empresa tem de se libertar do passado que deixou de ser produtivo, estabelecer novos objectivos, reorganizar, motivar, comunicar e avaliar o desempenho das pessoas. Ter estruturas humanas fortes e motivadas, só ajuda os lideres a cumprirem as suas responsabilidades.
A credibilidade da empresa traduz-se em compreender os seus trabalhadores e stakholders, prestar atenção aos pequenos pormenores, honrar os compromissos, esclarecer as expectativas, pedir desculpas sinceras, para que se chegue ao resultado final que é a obtenção de lucro e satisfação do cliente.
As empresas tem no mínimo, uma dupla finalidade são uma organização hibrida, com a preocupação financeira e social. Devem concentrar-se em: definir e monitorizar os duplos objectivos; estruturar, reestruturar a organização de modo a apoiar ambos os objectivos; avaliar todas as pessoas; comunicar as referidas avaliações pelo trabalho desenvolvido; contratar e socializar os colaboradores para que abracem a missão, visão e valores da empresa; praticar uma liderança dual.
As empresas necessitam ter pessoas com capacidade de fazer acontecer, e não que só pensem em problemas, entusiastas, auto motivadas e apaixonadas e não que só queiram um emprego, que inspirem e trabalhem bem com os outros, que cresçam com a equipa e com a empresa, que queiram aprender com a experiência de outros mais “batidos”, que tenham vida própria e que não vivam só para trabalhar, com ética e que comuniquem abertamente, e não pessoas sectárias ou manipuladoras.
“O poder vem, não do conhecimento guardado, mas do conhecimento partilhado. Os valores e o sistema de recompensa de uma empresa devem reflectir essa ideia” Bill Gates
As empresas e organizações que progridem não estão constantemente a provar que são melhores do que outros, não realçam as questões de hierarquia quando são eles que estão no topo, não ficam com o crédito das contribuições dos outros e não minam o caminho dos outros para se sentirem poderosos.
Nas empresas menos é mais.
A vida, o trabalho a sociedade podem prosperar sem algum crescimento económico?